Grupo, que age no estado e em Picos, no Piauí, leva garotos de 14 a 17 anos para se prostituir na Itália
A promessa é de um futuro onde não há barreiras para a realização dos sonhos. Mas, em pouco tempo, essa realidade vira um pesadelo sem fim. Adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos, estão sendo aliciados em municípios do Sertão de Pernambuco e de Picos, no Piauí. Quadrilhas interestaduais especializadas disfarçam-se de agências em busca de jovens modelos. Escolhem os alvos e oferecem até R$ 10 mil aos familiares das vítimas. Com o “contrato” assinado, os garotos são levados para o interior da Paraíba. De lá, seguem para clínicas estéticas clandestinas do Rio de Janeiro ou São Paulo. Passam por profundas transformações físicas. Viram travestis. É o início de um círculo vicioso, que envolve tráfico internacional de pessoas e exploração sexual. A rota final é a Itália.
Denúncias dessa natureza estão sendo investigadas desde o final do ano passado, quando o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente tomou conhecimento do crime por meio do relato de uma das vítimas, do Piauí. “Não havia distinção entre homossexuais ou heterossexuais. Os meninos eram atraídos pelo dinheiro e pela melhoria de vida. Mas eram ameçados e levados para clínicas. Passavam por cirurgias, colocavam silicone e trabalhavam como travestis na Europa”, revelou ontem a presidente do órgão, Eleonora Pereira.
O Ministério da Justiça começou a investigar o caso.“Estamos, junto ao Comitê de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, tentando mapear as cidades do Sertão que são alvos dessas quadrilhas. É possível que outros estados do Nordeste estejam incluídos”, disse Eleonora. O aumento no número de denúncias de exploração sexual em Picos levou a delegada Syglia de Brito a organizar um mutirão para mapear os casos, com o objetivo de apontar os responsáveis. “Devido ao comércio, Picos tem um grande fluxo de pessoas vindas de outras cidades. A violência também é alarmante”, disse.
Fonte: Diário de PE
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