segunda-feira, 14 de maio de 2012

O impulso da Delta em Pernambuco

Faturamento em contratos com o governo do estado passou de R$ 2 milhões a R$ 105 milhões

Pernambuco, berço da construtora Delta, envolvida no escândalo Carlinhos Cachoeira, é solo fértil para a prosperidade e vigor da empreiteira. A evolução nas cifras dos contratos milionários firmados com o governo pernambucano nos últimos seis anos impressiona. Em 2005, durante gestão do então governador e atual senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), o estado pagou R$ 2 milhões à empresa. Em 2006, quando assumiu o vice, Mendonça Filho (DEM-PE), foram R$ 3,5 milhões. No governo Eduardo Campos (PSB-PE), tendo o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) como combustível, o cofre pernambucano da Delta engordou de maneira sistemática. Só no ano passado, a construtora embolsou R$ 105 milhões. Neste ano, até o momento, já existem mais R$ 50 milhões empenhados.

De 2007, quando Eduardo Campos assumiu o poder, para cá, a construtora recebeu R$ 250 milhões por contratos de obras das Secretarias de Cidades e Transportes e de órgãos públicos a exemplo do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PE) e Companhia Estadual de Habitação e Obras (CEHAB). A assessoria de imprensa do governo de Pernambuco encaminhou nota confirmando que havia obras no estado tocadas pela Delta. Percebendo a repercussão negativa após o escândalo em decorrência das Operações Vegas e Monte Carlo, o governador resolveu abrir procedimento para fazer uma devassa em todos os contratos da construtora. 

Em pelo menos um dos contratos, o que trata da duplicação da BR-104, o Tribunal de Contas da União (TCU) já constatou irregularidades: superfaturamento de preços, baixa qualidade do material, medição inadequada, duplicidade, ausência de formalidades no contrato aditivo e de prestação de contas. A intervenção teve início em 2008 e deveria ter sido concluída no fim do ano passado. A previsão, agora, é de que a obra seja finalizada até o fim de 2012. Diante do flagrante de irregularidade, o TCU aplicou multa em gestores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e DER-PE. O tribunal mandou baixar o valor do contrato.

“Considerando-se a situação da empresa (Delta), alvo de graves denúncias nos meios de comunicação, o governador Eduardo Campos determinou à Controladoria Geral do Estado que faça, no prazo de 30 dias úteis, um auditoria especial em tais contratos, de modo a subsidiar qualquer decisão que tenha de ser tomada em relação aos mesmos”, diz a nota oficial do governo.

As investigações a partir das interceptações telefônicas apontam indícios de que o bicheiro Carlinhos Cachoeira seria sócio oculto do recifense Fernando Cavendish, proprietário e ex-presidente do conselho de administração da Delta. Quando foi fundada há 50 anos pelo engenheiro pernambucano Inaldo Soares, pai de Cavendish, a especialidade da construtora era o chamado “tapa buraco”. Até hoje, várias rodovias federais e estaduais são mantidas pelos serviços prestados pela Delta. No estado, a empreiteira ganhou corpo depois de conseguir fechar um contrato com a extinta Telecomunicações de Pernambuco (Telpe). Em 1994, a Delta foi transferida para o Rio de Janeiro.

Durante depoimento na CPI do Cachoeira, o delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, relatou aos parlamentares que a organização criminosa chefiada por Cachoeira é composta por, pelo menos, 13 empresas que se interligavam e constituíam uma pirâmide com base rentável para o grupo de Cachoeira. A Delta realizou depósito no valor de, aproximadamente, R$ 40 milhões nas contas das construtoras de fachada Alberto Pantoja, Brava e JR. Todas, segundo a investigação, estão em nome de laranjas e são controladas por Cachoeira.

Fonte: Diário de PE/Política

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