segunda-feira, 4 de maio de 2015

Organizações alertam sobre a degradação do bioma em Pernambuco

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a caatinga abrange 11% do território nacional e está presente em dez estados do Brasil.

Maria Regina Jardim
A caatinga é prejudicada, principalmente, pela caça, as queimadas e o desmatamento.
Foto: divulgação


Único bioma exclusivamente brasileiro, a caatinga é, também, o menos conhecido e estudado pelos pesquisadores no País. O dia (28), data em que é celebrado o Dia Nacional da Caatinga, entidades não governamentais do Sertão pernambucano enfatizaram a importância da conservação das riquezas naturais para o desenvolvimento do bioma.

A caatinga ocupa 11% do território nacional e se espalha por dez estados do Brasil, com várias espécies de animais e plantas ameaçadas pelo desmatamento, as queimadas e a caça ilegal. No Estado, o bioma se encontra presente no Sertão e Agreste e tem como principal característica a vegetação seca, em consequência das chuvas irregulares da região.

Em Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, o Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR), a Casa da Mulher do Nordeste e outras entidades formaram o grupo Fé e Política para conscientizar a população sobre desenvolvimento sustentável e combate à degradação dos ecossistemas do local. 

O bispo da Diocese de Afogados da Ingazeira, dom Egídio Bisol, coordenador do grupo, explicou que, hoje, a principal preocupação das organizações é combater a extração clandestina de madeira destinada à indústria de carvão, de gesso e de cerâmica nos municípios da região. As entidades exigem do governo uma fiscalização permanente. “Estamos pressionando o Estado para que reforcem o controle na retirada de madeira na caatinga. A situação é muito grave em municípios como São José do Egito, Iguaraci e Tuparetama”, afirmou.

De acordo com a coordenadora do STR de Afogados da Ingazeira, Maria das Dores Siqueira, além do desmatamento, a população retira uma grande quantidade de areia do rio Pajeú para vender a construtoras. “Temos consciência de que muita gente se sustenta com a extração de recursos do bioma, mas é preciso implantar políticas públicas direcionando um aproveitamento consciente”, declarou.

A coordenadora do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), Patrícia Nicola, informou que a caça ilegal de animais, no bioma, é voltada à domesticação. “Aves de canto, gatos selvagens e répteis são retirados da natureza para serem criados como bichos de estimação”, informou a gestora do centro, localizado em Petrolina. “As queimadas também prejudicam os animais, muitos chegam a nós machucados, cheios de queimaduras”, completou.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a caatinga e o cerrado são os únicos biomas brasileiros não considerados Patrimônio Nacional. Há cinco anos, tramita no Congresso um projeto de emenda à Constituição Federal, a PEC 504/2010, que pode incluir os biomas na lista e reforçar sua preservação.

Fonte: JC Online

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Origem do Dia do Trabalhador

Desde o fim do século XIX, nos Estados Unidos da América, no Brasil e em vários outros países ocidentais, o dia 1º de maio é tido como o Dia do Trabalho ou o Dia do Trabalhador. Tal data foi escolhida em razão de uma onda de manifestações e conflitos violentos que se desencadeou a partir de uma greve geral. Essa greve paralisou os parques industriais da cidade de Chicago (EUA), no dia 1º de maio de 1886. Para compreendermos os motivos que levaram os trabalhadores a tal greve e o porquê da escolha desse dia como marco de memória, é necessário conhecer um pouco do contexto do período.

Sabemos que, durante o século XVIII, ocorreu, em solo inglês, um dos acontecimentos mais importantes da história da humanidade: a Revolução Industrial. Da Inglaterra, o processo de industrialização alastrou-se, inicialmente, pela Europa e, depois, para outros continentes, como o americano. Uma das consequências mais patentes da Revolução Industrial foi a formação de grandes centros urbanos, fato que gerou, consequentemente, uma grande concentração de pessoas em seu entorno, sobretudo de operários, cujo trabalho nutria as indústrias.

A formação da classe operária demandou uma série de necessidades que nem sempre era efetivamente cumprida pela burguesia industrial. As horas trabalhadas eram, muitas vezes, excessivas e a relação entre empregado e empregador nem sempre era amistosa. Nesse contexto, surgiram os sindicatos e os movimentos de trabalhadores, orientados por ideologias de esquerda, como o anarquismo (anarcossindicalismo) e o comunismo.

A principal forma de ação das organizações de trabalhadores com vistas à exigência de direitos era a greve. A greve geral tornou-se um instrumento de pressão frequentemente usado. Entretanto, às greves também se juntavam outras práticas, como a ação direta, que consistia em manifestações violentas. A greve geral de 1º de maio de 1886, em Chicago, resultou em forte repressão policial. Tal repressão estimulou ainda mais manifestações que transcorreram nos dias seguintes.

No dia 04 de maio, em uma manifestação na praça Haymarket, na cidade referida, uma bomba explodiu matando sete e ferindo dezenas de pessoas, entre policiais e manifestantes. A explosão de tal bomba provocou o revide dos policias com tiros sobre os manifestantes. Outras dezenas de pessoas morreram na mesma praça. Esse conjunto de eventos, desencadeados a parir de 1º de maio, tornou-se símbolo para as manifestações e lutas por direitos trabalhistas nas décadas seguintes em várias partes do mundo.

No caso específico do Brasil, a menção ao dia 1º de maio começou já na década de 1890, quando a República já estava instituída e começava um processo acentuado do desenvolvimento da indústria brasileira. Nas duas primeiras décadas do século XX, começaram a formar-se os movimentos de trabalhadores organizados, sobretudo em São Paulo e no Rio de janeiro. Entre esses movimentos, também figuravam ideologias como o anarcossindicalismo, de matriz italiana, e o comunismo.

Em 1917, a cidade de São Paulo protagonizou uma das maiores greves gerais já registradas. A força que o movimento dos trabalhadores adquiriu era tamanha que, em 1925, o então presidente Arthur Bernardes acatou a sugestão que já ventilava em várias partes do mundo de reservar o dia 1º de maio como Dia do Trabalho no Brasil. Dessa forma, desde esse ano o 1º de maio passou a ser feriado nacional. Na época do Estado Novo varguista, a data era deliberadamente usada para eventos de autopromoção do governo, com festas para os trabalhadores e muitos discursos demagógicos.


Por Me. Cláudio Fernandes


Fonte: Brasil Escola