segunda-feira, 30 de abril de 2012

"Voto obedece ao bolso, estômago, coração e cérebro"

Cientista político e professor da Universidade de São Paulo (USP), Gaudêncio Torquato faz uma análise sobre a influência do crescimento econômico nas eleições municipais deste ano. Em entrevista ao Diario, ele disse que os candidatos da oposição terão bastante dificuldades nesse pleito, porque o eleitor deve optar por uma pessoa que simbolize, na cidade, a atual política de benefícios, o momento bom da economia. 

Qual o efeito do crescimento da classe C nesta eleição?
O crescimento da classe C tem o efeito bastante acentuado sobre a política. Costumo dizer que o voto obedece a quatro pontos fundamentais do corpo humano: bolso, estômago, coração e cérebro. O primeiro é o bolso (risos). Dinheiro no bolso significa estômago saciado. Depois do estômago, o terceiro espaço é o coração, que passa para o cérebro e que toma a decisão do voto. O voto do coração tende a escolher os representantes ou os sistemas que tiveram alguma influência nesse processo (de bolsos cheios). 

De que forma os candidatos a prefeito se beneficiam com isso? Normalmente, essa relação não está ligada aos governos federal e estadual?
Existe uma certa capilaridade com os chefes locais e o situacionismo. Quando a economia é confortável, a política segue nesse caminho. 

No caso das eleições municipais, o que pesa mais, a micropolítica ou o bolso? 
Isso vai depender das regiões onde há uma polarização. Em São Paulo, a polarização PT x PSDB é muito grande. Quando os candidatos fazem parte do sistema situacionista, aí é micropolítica pura e ganha que atende melhor a demanda dos bairros. Os mais rejeitados não terão vez nesta eleição. 

De que forma a classe média se identifica com o prefeito? 
A classe média vai identificar o candidato mais comprometido com a sua causa, que se identifica com as condições locais, com as condições regionais. Quem é o candidato que pode ter uma ligação melhor com o governo federal? Quem é que pode ser o representante dessa política de benefícios? Quem é que realmente encara mais o espírito de distribuição de renda, quem é o perfil mais representativo das demandas dos bairros. Quem tem mais a cara do Recife? A classe C olha muito para o seu bolso, para o seu estômago, para as suas demandas imediatas. E diria que é a primeira vez que o Brasil vai fazer uma eleição onde a maior classe é a classe C. 

Fonte: Diário de PE

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! Seja bem vindo. Agradecemos a sua participação através de elogios, sugestões ou reclamações, queremos saber da sua opinião sobre o nosso blog! Um grande abraço.