segunda-feira, 30 de abril de 2012

Classe média na mira dos políticos

Segundo especialistas, eleitores vão votar em candidatos que passem o clima de otimismo econômico.


Os pré-candidatos à eleição de 2012 nos 184 municípios de Pernambuco devem aproveitar o embalo do crescimento econômico brasileiro e da chamada classe C para reforçar sua campanha. Embora dados divulgados pelo IBGE na última sexta-feira apontem que o rendimento médio nos domicílios do estado seja de R$ 1.841, um pouco abaixo da sonhada classe média (que vai de quatro a dez salários mínimos), os eleitores devem ir às urnas neste ano para escolher candidatos que se identifiquem com o clima de otimismo existente no Brasil e no estado. 

A disputa municipal não ficará livre da “micropolítica”, principalmente se a oposição estiver enfraquecida e os principais concorrentes forem da base governista. Mas o “bolso” deve continuar emocionando os “corações” dos eleitores na hora do voto.  Isso vislumbra um caminho bem difícil para o discurso da oposição. Não é à toa que dois dos quatro pré-candidatos oposicionistas no Recife, como o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB) e o deputado federal Raul Henry (PMDB), já estejam se aproximando do governador Eduardo Campos (PSB) e “esquecendo” de criticar o governo federal. 

A maioria dos economistas acredita que os prefeituráveis que não estiverem ao lado do governador e da presidente Dilma Rousseff, símbolos desse momento econômico no estado e no Brasil, tendem a se omitir em relação a temas nacionais e até mesmo ao governo estadual. 

O cientista político e professor da USP Gaudêncio Torquato frisa que, apesar de a maioria pernambucana ainda não estar inserida na classe C, a classe D tem demandas muito parecidas e vai às urnas com o sentimento de gratidão pelo que conquistou nos últimos anos. Ele cita, como estímulo, o aumento de consumo e a política de benefícios. 

Para se ter uma ideia, segundo dados do IBGE divulgados na sexta-feira passada, em média, 46,5% das residências pernambucanas têm pelo menos algum tipo de bem durável. Desses, 94% têm televisão e 89,2%, geladeira, números maiores que os da Bahia, por exemplo, que ficam respectivamente com 90,2% e 83,2%.

De acordo com informações do Núcleo de Estudos Eleitorais Partidários e da Democracia na Universidade Federal, a renda per capita também influencia a geografia do voto, porque as pessoas vão às urnas com mais entusiasmo quando sentem que estão exercendo a cidadania, algo que tem haver com desenvolvimento social e econômico.

Mesmo que a maioria dos pernambucanos com 10 ou mais anos de idade não esteja inserido na classe média - 4,51% de homens e mulheres ganham de 3 a 10 salários mínimos no estado -, há perspectivas de mudanças com os novos investimentos e que motivam o eleitor a ser mais crítico.

Atualmente, de acordo com a pesquisadora do IBGE Vandeli Guerra, Pernambuco é o segundo no Nordeste com o maior número de carteiras assinadas, 35,7%, abaixo apenas do Rio Grande do Norte (38,1%). Ela não mistura os números com eleições, mas prevê dias melhores para o estado e para o Nordeste. 

Saiba mais

Perfil do “bolso” do pernambucano

No Brasil, 32,89% da renda familiar dos domicílios (a maior parte deles) é de 2 a 5 salários mínimos ao mês.

No Nordeste, a maior parte dos domicílios (27,76%) recebe de 1 a dois 
salários mínimos.

Pernambuco tem praticamente a mesma média do Nordeste. Ao todo,
27,70% dos domicílios (a maior parte) recebem mais de 1 a 2 salários mínimos.

No estado, 23,07% dos domicílios por classes de rendimento nominal mensal recebem mais de 2 a 5 salários. 

A renda familiar de apenas 6,84% dos pernambucanos é mais de 5 a 10 salários mínimos. É o segundo lugar do Nordeste. Em Sergipe, 7,89% da renda familiar chega a esse patamar. 

O rendimento médio mensal dos domicílios em Pernambuco é de R$ 1.841.Fica abaixo do Rio Grande do Norte e de Sergipe, respectivamente 
com R$ 1.935 e R$ 1.851.

Salário mínimo utilizado na época do levantamento: R$ 510

Obs: Os dados acima não são per capita e dizem respeito à renda familiar sem dividí-la pelo número de seus integrantes.

Fonte: IBGE (2010) - DP

Aline Moura alinemoura.pe@dabr.com.br

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