quinta-feira, 12 de abril de 2012

Famílias resistem em deixar casas em áreas de risco na Mata Sul



Segundo moradores, há falta de informação e as indenizações oferecidas pelo governo para que deixem as casas são injustas.

 / Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

Às vésperas de mais um inverno, não será tarefa fácil para o governo do Estado retirar imóveis das margens do Rio Una e evitar novas tragédias como as de 2010 e 2011, quando enchentes devastaram tudo o que havia pela frente nas cidades da Mata Sul. Já sabendo do plano do governador, que reuniu Ministério Público e Judiciário com o objetivo de retirar a todo custo casas e lojas de áreas de risco, moradores e comerciantes se dizem insatisfeitos com as negociações e se negam a sair do local.
A reportagem do JC esteve em Barreiros, Palmares e Água Preta, as três cidades que mais sofreram com a enxurrada, e ouviu relatos de falta de informação, indenizações injustas e de insatisfação com o tamanho das novas casas construídas pelo governo.
“Moro nessa casa há 35 anos, com três quartos e mais de 20 metros de terreno, que foi doado pela prefeitura. Como querem que eu me mude para aquela casa de pombo?”, questiona a dona de casa Maria José da Silva, 52 anos, moradora do bairro de São Sebastião, em Palmares, se referindo aos imóveis que estão sendo construídos pelo Estado.
Tem gente que também sofre com a falta de informação. É o caso do biscateiro Eron Tenório da Silva, 30, que viu sua casa desmoronar na última cheia, construiu outra no lugar e agora diz não saber o que o futuro guarda para ele. “O pessoal do governo que esteve aqui disse que não tenho direito a nada, já que não tenho conta de luz nem de água, pois uso tudo da casa do meu pai, que mora ao lado. Ou seja, não existe negociação. Então, não saio daqui”, explicou.
Há quem ainda fez investimentos altos após as duas últimas enchentes e agora se vê prestes a ser removido. Isso é o que aflige os moradores da Vila Rio Una, a poucos metros do rio, em Barreiros. Por lá, após a enxurrada, que devastou a comunidade, os moradores testemunharam o poder público reconstruir o calçamento, sanear todas as casas e instalar postes com fiação nova.

“A gente viu o governo investindo aqui, então investimos em nossos imóveis também. Cheguei a comprar um imóvel ao lado da casa da minha mãe para construir um restaurante na beira do rio. Já construi um cais, fiz muro, mas interrompi a obra depois de gastar mais de R$ 50 mil porque vieram dizer que vão derrubar a vila toda”, destacou o técnico agrícola Egídio do Monte Júnior, 25. Segundo ele, a Vila Rio Una foi o início da cidade de Barreiros, há 96 anos.

Na mesma situação, o comerciante Antônio Lopes Muniz, 62, se disse “chocado” com a notícia de que a vila será toda derrubada. “Não vamos aceitar isso. Moro aqui há 15 anos e o que estão oferecendo para sairmos é muito pouco. Não podem nos tirar à força, pois vivemos em uma democracia.”
Muitos moradores das três cidades já aceitaram indenizações ou se mudaram para as novas casas, que começaram a ser entregues há quase um ano. Mas, para limpar completamente as margens do Una, governo, Ministério Público e Justiça terão que rebolar para resolver casos como os relatados acima, que se multiplicam às dezenas.
Fonte: JC

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