Na próxima eleição, as classes C e D (que ganham de dois a dez salários mínimos) devem se concentrar em temas que possam melhorar o transporte público e a educação. Em dados recentes do IBGE, Bahia e Pernambuco são os estados que mais exigem deslocamentos para o trabalho no Nordeste. Ao todo, 557 mil baianos e 443 mil pernambucanos saem de um município para o outro para bater o cartão, e as mudanças exigem medidas a médio e longo prazo. No estado, 52,1% das pessoas ocupadas passam no mínimo meia ou uma hora para chegar ao trabalho.
Segundo Tatiana Menezes, professora de economia da Universidade Federal de Pernambuco, a participação da sociedade nessa disputa deve ser maior porque, antes, as pessoas não podiam se permitir a nada, a não ser sobreviver. “O transporte urbano é ruim e caro. Você hoje só vê obras para carros, não vê políticas para melhorar o metrô, os ônibus. Só vê planejamento de viadutos”.
Para Tatiana, a população beneficiada pelo crescimento econômico também vai ser mais exigente e terá mais vontade de influenciar. “Essa população vai pensar em votar num governo que dê a ela uma melhor condição de vida. Isso pesa em todos os níveis, porque está bem perto dela (o crescimento)”, observou.
No tocante à educação, de acordo com dados recentes do IBGE, Pernambuco é o terceiro do Nordeste com maior percentual de pessoas que não frequentam a escola, entre os 6 e os 14 anos. “O nível de instrução do pernambucano é muito baixo e isso faz com que a qualidade da mão de obra seja ruim. As pessoas do estado ainda não estão conseguindo aproveitar muito esse crescimento. Muitas estão vindo de fora e, por conta disso, a inflação no Recife pipocou”, analisou.
Inserido na classe B, o analista financeiro Sidney Ângelo, 28 anos, pensa em votar num candidato governista. “Mesmo com essa confusão grande na política, seria injusto quebrar essa continuidade”, observou. Já a técnica de laboratório Sandrine Monteiro, 38, diz que comprou um carro neste ano, mas espera melhoras na política. “Vou votar na oposição. Já pensou se todo mundo falasse bem de tudo?”, indagou.
Fonte: Diário de PE
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