quinta-feira, 7 de março de 2013

Um retrato da mulher brasileira no Nordeste

Fé, força na agricultura, analfabetismo e poucos casamentos

A religiosidade ainda norteia a nordestina. No curso da história, o catolicismo desenvolveu uma estratégia de sociabilidade que ligava paróquias e cidades. Segundo o sociólogo Gey Espinheira, da Universidade Federal da Bahia, era migrando de festa em festa que as pessoas firmavam laços afetivos, uma dinâmica que tem tudo a ver com o feminino. "Embora os líderes sejam beatos, padroeiros e conselheiros, as mulheres são mais dedicadas aos cultos e à devoção", afirma.

Ainda hoje, 82% das mulheres se declaram católicas, enquanto entre os homens aumentam os ateus. O que se nota no grupo feminino é a busca de novos credos. Um estudo da Fundação Getulio Vargas sobre 50 religiões demonstra predominância feminina em 43 delas. "A exceção fica por conta daquelas de tradição patriarcal, como judaísmo, hinduísmo e islamismo", diz Marcelo Neri, coordenador do trabalho. Os novos caminhos levam às divisões evangélicas e à conciliação do catolicismo com a umbanda. Seja como for, a fé é um traço intenso. Assim como a vaidade. Está no Nordeste a brasileira mais perfumada: 97% declararam ao instituto de pesquisa de mercado Ipsos-Marplan que adoram usar colônias.

SEM PREVENÇÃO
Com a expansão do Programa de Saúde Familiar, o Nordeste conseguiu reduzir o número de gestantes sem consulta pré-natal. Entre os exames preventivos, o papanicolau, detector de lesões que levam ao câncer de colo de útero, precisa de maior adesão. Cerca de 60% das maranhenses e 51,2% das alagoanas declararam ao Pnad/IBGE que nunca haviam se submetido a ele. Também por falta de prevenção, muitas engravidam e abortam. A interrupção é uma das principais ameaças à saúde na região. O Dossiê Aborto 2005, da Rede Feminista de Saúde, que reúne 200 organizações de mulheres, comprova que, a cada ano, são realizadas no Brasil 238 mil internações na rede pública motivadas pelo procedimento. O Nordeste ocupa o primeiro lugar em curetagens (5,5 por mil mulheres), seguido pelo Norte (4,48). É verdade que a situação melhorou. De 1992 a 2005, registrou-se queda de 49,54% nos abortos induzidos - contra 46,32% no Sudeste. Contribuíram para a redução as políticas públicas dirigidas à saúde da mulher dos anos 90 para cá.
36% fazem sete consultas pré-natais

COM A MÃO NA TERRA
Das 10,8 milhões de trabalhadoras, 28,9% estão na agricultura, o maior porcentual do Brasil. Elas se concentram nas áreas valorizadas, como as irrigadas pelo São Francisco (Bahia e Pernambuco), que produzem frutas, e nas serras do Ceará, onde plantam flores. "Essas regiões têm caráter de seletividade, os contra tantes priorizam a mão-de-obra feminina", diz a socióloga Gema Esmeraldo, da Universidade Federal do Ceará. Mas, lembra ela, há muitas na invisibilida de: "São as mulheres que atuam em pequenas propriedades; o trabalho é tido como ajuda ao homem, não entra nas estatísticas". Para mudar esse quadro, nos anos 90 as nordestinas criaram o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, que luta pelo direito à documentação, aposentado ria e licença-maternidade. 28,9% trabalham na agricultura

SOLIDÃO FEMININA
No ranking brasileiro da solidão, cinco capitais nordestinas ocupam os primeiros lugares. O estudo do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, feito com base em dados nacionais do IBGE, revela Salvador como campeã: 0,91% das mulheres acima de 20 anos estão solteiras, separadas ou viúvas.

Fonte: Planeta Sustentável

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