quinta-feira, 7 de março de 2013

Sobre as mulheres do Sertão Nordestino

Sobre essas mulheres o estudo dos viajantes e registros históricos nos mostra que podemos classificá-las em duas categorias, a abastada e a oprimida socialmente.
Segundo pesquisas, no final do séc XVIII havia uma grande diferença entre o modo de vida dessas mulheres, o autor Oliveira Paiva em sua obra literária “Dona Guidinha do Poço” retrata essas diferenças através de sua protagonista, uma das figuras dos vários estereótipos de mulheres que havia naquela época no sertão nordestino, uma mulher forte decidida e dona de si, uma das poucas mulheres que em contrapartida foi considerada contra a moral e os bons costumes daquela sociedade na qual passa por várias situações que faz com que a sociedade a critique e a julgue por seu comportamento e ações.
A contribuição de um dos Capítulos do livro Histórias das Mulheres no Brasil explica como eram os costumes dessas mulheres e descreve o que se valorizava em seu tempo e, como aquela sociedade a via.
As mulheres abastadas filhas de donos de fazenda e de figuras ilustres sob uma analise física eram bem tratadas e, todos valorizavam o seu tipo físico robusto, características na época que eram sinônimos de beleza e exuberância. A mulher da elite no Nordeste sertanejo era geralmente uma mulher mais simples na sua maneira de vestir e aparecer. Enquanto as mais pobres ou as escravas eram franzinas com feições de cansaço devido à vida dura do trabalho, muitas delas era necessário ajudar no sustento de suas famílias ou prole.
O costume na região, para aqueles que tinham filhas, era encaminhá-las desde cedo para o casório o quanto antes. Aprendiam o oficio de boa dona de casa e como liderar suas escravas nos afazeres. O casamento nordestino sempre foi antes de tudo um compromisso familiar, um acordo, mais do que um aceite entre esposos. Os pais mais do que tudo estavam cuidando da manutenção e solidificação dos laços de amizade do patrimônio territorial, e da inter-relação de famílias poderosas oligárquicas locais.
O casamento considerado de bom gosto, a festa durava vários dias. O pai costumava adiantar parte da herança da filha ao genro. A vida dessas mulheres sob o ponto de vista moral era muito dura. As mulheres não podiam escolher seus parceiros e, com isso, em alguns casos havia fuga dessas mulheres com o pretendente escolhido. A população desaprovava e condenava algumas situações que não condizia com os bons costumes das pessoas dessa região. A igreja e o coronelismo eram dominantes.
As mulheres mais pobres não tinham outra escolha a não ser procurar garantir o seu sustento, ao lado dos irmãos e seus pais, ajudavam na lavoura, eram costureiras, rendeiras, mão-de-obra para todo e qualquer tipo de trabalho domestico. Tinham uma certa liberdade ao escolher seus parceiros. O homem interessado por uma jovem deveria ter, ao menos, a posse de um jumento e um simples teto para acolhê-la. A vida dessas mulheres era uma vida sofrida, pois tinham que ajudar no sustento da casa. A condição de ajudarem seus maridos era muito criticada na época, pois representava o fracasso e a incapacidade do marido na condição de homem perante aquela sociedade, tanto que muitas dessas mulheres escondiam seus ofícios repassando suas mercadorias a terceiros para que revendessem, assim, ajudarem financeiramente com o sustento de seu lar. Essas mulheres trabalhavam com costura, eram bordadeiras, faziam diversas coisas para que fossem vendidas no comercio, em alguns casos, muitas delas ajudavam o marido na lida com a terra.
Já as escravas eram submetidas a humilhações por seus senhores, sendo elas exploradas sexualmente. Não se casavam, tinham seus parceiros por escolha própria, mas, muitas eram submetidas contra a sua vontade a servirem seus senhores mesmo tendo seus parceiros. Essas mulheres sofriam muito com o trabalho duro escravo, os castigos e a má condição de vida que tinham. Mas, era cobiçada por seus senhores pela beleza exuberante, sensualidade e, o misterioso encanto que elas tinham acabavam por envolver seus senhores, muitas vezes, sem intenção. Outras mulheres, para se verem em uma condição melhor, por rejeitarem sua cor, provocavam os homens brancos no intuito de passarem para uma condição de serem uma classe ou raça superior que a sua. Assim, parte da historia que explica a miscigenação dessa região.
Dados coletados no recenseamento de habitantes, nessa época, apontavam o número de homens sendo superior ao número de mulheres na região, após 100 anos esse quadro muda. Esse fator está ligado à chegada do ensino superior, promovido por D. Pedro, e a busca de melhores condições de vida rumo as cidades grandes e, os altos índices de mortalidade infantil causada pelo chamado mal de sete dias.
A sociedade em que viviam essas mulheres eram regidas sob a moral e os costumes dessa região, aquelas que tinha um espírito de luta pela sua liberdade e por melhores condições de vida, sofriam as represarias.
De certo ainda há muito o que modificar, mas, interessante pensarmos na evolução e conquistas que obtiveram essas mulheres se relatássemos essa história partindo do princípio até os dias de hoje.

Patyume
Fonte: Recanto das Letras

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