sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Prefeitos pedem que governo contrate médicos estrangeiros


Frente Nacional quer atrair profissionais para o interior; CFM e entidades médicas são contra.


A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) propôs ao governo federal que contrate médicos brasileiros e estrangeiros formados no exterior para trabalhar em cidades do interior do Brasil. A medida serviria para ajudar a aplacar a falta de profissionais em cidades pequenas, conforme revelou ontem a coluna Panorama Político do GLOBO. Semana passada, a entidade enviou ofício à presidente Dilma Rousseff e ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com a proposta. Segunda-feira, em encontro com a presidente, a FNP vai retomar o assunto. O Ministério da Saúde informou que recebeu o pleito, mas o assunto só será analisado após o encontro com Dilma.

O vice-presidente para saúde da FNP, Paulo Mac Donald Ghisi, que deixou o cargo de prefeito de Foz do Iguaçu (PR) no dia 1º, disse que os prefeitos estão interessados em atrair médicos portugueses e espanhóis interessados em empregos no Brasil para fugir da crise naqueles países.

- Esse problema de falta de médico está chegando a um limite insuportável e exige medidas imediatas. O problema é endêmico, todos os prefeitos estão vivendo isso. Os estudantes brasileiros que tentaram fazer Medicina e não passaram foram estudar fora e agora não podem voltar porque o diploma não é reconhecido. Queremos a simplificação da validação do diploma. E queremos também médicos estrangeiros que preencham o requisito de qualificação. Tem vários médicos portugueses e espanhóis querendo vir para o Brasil - explicou Ghisi.

O tema já provoca a revolta das entidades de médicos, que defendem os empregos para profissionais com diploma brasileiro ou validado no país.

O presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, explicou que há médicos em número suficiente no país. Segundo ele, os profissionais são resistentes a trabalhar no interior porque as condições de trabalho e os salários são desfavoráveis. A entidade quer uma melhoria nos empregos.

- É uma tolice essa suposição de que os médicos brasileiros não querem ir para interior ou áreas distantes. Eles não vão porque não têm uma carreira que propicie ascensão profissional ou piso salarial adequado. Ou o governo acha que esses médicos do exterior vão se contentar com qualquer salário? Esse é mais um equívoco do governo na área de Saúde - protestou Ferreira.

Segundo ele, os médicos impõem condições mínimas para trabalhar no interior:

- Há médicos suficientes e eles querem trabalhar no interior, mas há pré-condições para que isso seja possível. O profissional não quer ir para o interior para ser escravo das vontades políticas dos prefeitos, receber salário mês sim, mês não.


CFM: contratação não resolve

O Conselho Federal de Medicina (CFM) se posicionou da mesma forma. A entidade defende "a criação de uma carreira de estado específica para o Sistema Único de Saúde", e a garantia de estrutura física para o exercício das atividades. Segundo a entidade, isso incentivaria a migração de médicos para o interior.

"Apenas a contratação de médicos (brasileiros ou estrangeiros) não é suficiente para garantir o bom funcionamento da assistência. É preciso investir e dar condições para que qualquer profissional exerça seu papel. Sem isso, sua presença será apenas um paliativo", diz o CFM.

O conselho esclareceu que não é contra a contratação de médicos formados no exterior. No entanto, defende a validação dos diplomas de forma criteriosa. O órgão argumenta que a contratação de médicos formados no exterior não garante que os profissionais permaneçam em cidades pequenas: "Sem a estrutura mínima, a tendência é que migrem para centros mais desenvolvidos. Com isso, a falta de cobertura continuará".

Fonte: Carolina Brígido - Brasília

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