quinta-feira, 4 de abril de 2013

A emergência da seca

O anúncio de liberação de recursos bilionários para o combate dos efeitos de uma estiagem perversa para a população nordestina - a mais cruel dos últimos 50 anos, pelo menos - não poderia deixar de estar cercado de expectativas. Mas não de muita esperança. Afinal, não é de hoje que a seca castiga o Nordeste. E não é de hoje que presidentes da República aparecem na região, para realizar discursos recheados de preocupação, e tentar acalmar os ânimos com promessas de obras e dinheiro com a rubrica de caráter emergencial.

Em reunião com sete governadores e três vice-governadores na última terça-feira, em Fortaleza, a presidente Dilma Rousseff repetiu o figurino velho conhecido na história do flagelo. Se há de se dar um crédito pelo pacote que ainda não foi feito, em nome da confiança e do cumprimento da palavra presidencial, infelizmente não se pode eximir nem o governo atual, e muito menos a gestão petista no Planalto - que ultrapassa o período de uma década - pela ausência de políticas consistentes para reduzir a agonia da seca. O PT não foi capaz, até agora, de vencer o círculo vicioso da catástrofe social e econômica que emoldura tradicional exploração política, em que o sofrimento humano é tratado como oportunidade que se renova, e não, como situação extrema intolerável.

O novo pacote chega ao montante de R$ 9 bilhões, inclui medidas como a prorrogação de benefícios (Garantia Safra e Bolsa Estiagem), a renúncia fiscal com a renegociação de dívidas dos agricultores e a aquisição de máquinas pesadas, como retroescavadeiras e motoniveladoras, através do PAC Equipamentos, lançado no ano passado. E ainda, acréscimo de 30% na oferta de carros-pipa, subsídio à compra de milho e construção de cisternas. A presidente Dilma fez questão de frisar a natureza de emergência das ações, e ressaltou que elas fazem parte dos direitos do povo nordestino, e não devem ser vistas como "um favor da presidenta". Será que alguém ainda enxerga favores de qualquer governo, no cenário persistente de calamidade proporcionado pela estiagem, ano após ano?

Em secas prolongadas como a atual, a condição de penúria das pessoas e de falência dos municípios impõe o ceticismo como reação ao que soa, à maioria dos ouvidos, como mais do mesmo. Aprisionados no círculo vicioso do assistencialismo, prefeitos reclamam da burocracia para a chegada efetiva dos recursos, enquanto a população recorda os desvios do dinheiro público em assaltos hediondos que se aproveitam da calamidade. Obras abandonadas e projetos redentores inacabados ou engavetados completam o panorama de descrédito que não se altera com a promessa da irrigação de recursos, como costumam dizer os gestores, "injetados na economia". Os R$ 7,6 bilhões injetados nas 1.145 cidades da seca pelo governo Dilma, segundo anotou o colunista econômico do JC, Fernando Castilho, representa a metade do que o BNDES emprestou ao empresário Eike Batista. Ou seja, sequer o valor bilionário do pacote pode ser tido como algo extraordinário.

Carlos Alberto Sardenberg

 Fonte: O Globo

Um comentário:

  1. Olá senhoras e senhores,
    Eu sou um credor com a legítima ambição de ajudar todas as pessoas em dificuldades financeiras. Também estou disponível para todas as pessoas de bom projecto rentável. Estou disponível para qualquer tipo de empréstimo. Contacte-me para obter mais informações.
    E-mail: leferfrancisjean@gmail.com

    ResponderExcluir

Olá! Seja bem vindo. Agradecemos a sua participação através de elogios, sugestões ou reclamações, queremos saber da sua opinião sobre o nosso blog! Um grande abraço.